O amor é como um rio, forma-se na união de dois
córregos, que correm ansiosos pelo encontro com o mar. Das margens o rio colhe
as pedrarias, arrasta e vai exibindo-as nas corredeiras, arredondando as
arestas e transformando sua natureza de rio, embelezando seu leito, criando as
mais delicadas e inusitadas paisagens. O rio é um corpo perfeito de criação e
encantamento, com seus peixes, caranguejos e sereias, como um amor que
corre para o oceano de sua mais completa realização. Quando se instala uma
barragem, o rio se aquieta, fica triste e começa a adoecer. E o amor, como o
rio estagnado, tem suas preciosas pedras cobertas de limo, suas paisagens
degradadas pelo lixo acumulado, seu entusiasmo arrefecido, sua vontade criadora
entrega-se silenciosa à preparação da morte.
Texto: Chico Guil - Fotografia: Greenstyle
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