Revisitando Proust

Vermeer, Delft

Ao final ele veio ao Vermeer, que lembrava como mais impressionante, mais diferente do que qualquer coisa que conhecesse, mas no qual, graças ao artigo do crítico, ele notou pela primeira vez algumas figurinhas em azul, que a areia era rosa e, finalmente, a preciosa substância do minúsculo trecho de muro amarelo. Sua tontura aumentou; ele fixou o olhar, como uma criança numa borboleta amarela que deseja apanhar, no precioso trecho de muro. 'Era assim que eu deveria ter escrito', disse. 'Meus últimos livros são muito áridos, eu deveria ter passado sobre eles mais algumas camadas de cor, feito minha linguagem preciosa nela mesma, como este pequeno trecho de muro amarelo.' Ao mesmo tempo ele estava consciente da gravidade de sua condição." (A Prisioneira).

Eric Karpeles, Paintings in Proust - Catálogo das pinturas citadas por Proust em todos os livros de Em Busca do Tempo Perdido.

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